J. J. Nunes (1928): Cantigas d' amigo dos trovadores galego-portugueses. Vol. III \(Glossário\). Coimbra: Imprensa da Universidade.
endõado endoado	adx.	adj. {adx.} adv. CL, 3, CCCXLIX, 11, CCCCLXVIII, 2: cf. doado. Em CL, 3, D. Carolina Michaëlis dá a êste vocábulo o sentido de: debalde, em vão: cf. Gloss. CA v. 9326. No vol. XI, pág. 7 e 8 da Revista Lusitana {Michaëlis Contr. DELH}, ocupa-se dêle a mesma senhora e aí, além da significação acabada de mencionar, dá-lhe ainda a de: de graça, por favor e sem motivo, inutilmente, injustificadamente, comprovando o seu assêrto com exemplos colhidos nos três cancioneiros trovadorescos e no Graal, e referindo-se também a doado. Num códice inédito do século XV, segundo me parece, encontrei êste exemplo: "Os marĩeiros... fezeron-lhi sas querelas endoado", onde evidentemente significa em vão, debalde. No mesmo encontra-se também doado, mas no sentido de de graça: "tu fazes-me doado o que me outro fazia por preço e nom riirei?". (Cantigas d' amigo).

M. Rodrigues Lapa (19702): Cantigas d'escarnho e de mal dizer dos cancioneiros medievais galego-portugueses. Vigo: Galaxia ["Vocabulário galego-português", pp. 1-111].
endoado		= injustificado: {Gil Perez Conde} que ben me fezestes / ... senon gran tort' endoad' e sobêrvia? 164.15. || Debalde, em vão: {Pero Gomez Barroso} por non chegar endoado, / demos-lhi nós ũa maia 394.2. || Gratuitamente: {Martin Soarez} dé-lh' alg' a quen pesar: / non se cal' endoado 293.14; 46.11; 407.10; 420.7.