leu lheu
| adx. |
(leve conforme já deixei dito s. v. greu). Não foi directamente que o adj. {adx.} adv. entrou em Portugal. É provençalismo, como logo em 1863 foi explicado por Diez Kunst und Hofpoesie, p. 32. Em todo o caso o estranjeirismo arraigou, e manteve-se na fórmula ao leu ( ao leo). Dos quatro passos do CA em que entra leu, respectivamente lheu (2727, 7424, 7226 e 5495) no sentido de leve, fácil ou facilmente, reforçado três vezes por ben, êle está uma vez {Pai Gomez Charinho} acompanhado de quan e da forma verbal é. Isto é, no caso de as hipóteses que vou aventar aqui a respeito das Cantigas 248 e 333 ou dos versos 5495 e 7424 serem fundamentadas. Com relação à pronúncia são as Cantigas 112 e 333 que nos ensinam que leu, lheu tinha ê fechado, visto que ocorre em rima com eu {Johan Nunez Camanes}, seu e greu {Rui Gomez, ou Freire} (CSM 973 as consoantes são deu, seu, eu e Mateu). Nos outros casos (CV 941.12 e 1069.9 {Johan Baveca}, (onde T. Braga CV imprimiu ben lh' en) e CSM 25.12), está no interior do verso. Eis as hipóteses; primeiro a relativa à Cant. 248 (=Varnhagen Trovas e Cantares 260) {Pai Gomez Charinho} onde o original tem qualeu. Varnhagen imprimira ben ll' eu, o que não dá sentido. Eu dei a preferência a qual eu (por estar assim no verso 5492), mas na Anotação, (p. 485) expliquei que quan leu seria talvez preferível, utilizando a conjectura na tradução wie leicht. Nas Lições práticas, p. 123 (1912) {Michaëlis Lições} transmiti aos alunos a suposição nova qual é, que ainda hoje me parece ser a melhor. Para a Cantiga 333, difícil e artificiosa e deturpada, na quarta estrofe, e no remate final, proponho aqui emendas que amávelmente me foram sugeridas pelo malogrado Oskar Nobiling CA. E leio: {Rui Gomez, ou Freire} Ca mentr' eu vosso desamor oer' / com' og' eu ei, mia senhor, e tever' / vosco tan mal mia fazenda com' eu / tenho con vosco, non mi será greu / de morrer, e prazer-mi-a mais én / ca de viver, pois i a vos fezer' / prazer, e min de gran coita poder' / guardar; e vos nembrar-vus-á ben lheu / assi de min, como se sol do seu / omen nembrar depois sa mort' alguen. Das emendas propostas por Lang CA (Zeitschrift, XXXII, p. 309) a que diz respeito ao sentido não satisfaz. Na minha tradução tenho de substituir apenas vergessen por in Vergessenheit bringen; e leichtlichst (ben lheu) terá de mudar de lugar, ficando depois de Euch. |