Patrimonio léxico da Gallaecia (PLG) é um subprojeto do projeto GEOARPAD (https://www.geoarpad.eu/gl) enquadrado no programa operativo EP – INTERREG V A Espanha Portugal (POCTEP), cujo principal objetivo é a valorização do património material e imaterial da Eurorregião Galiza-Norte de Portugal. O subprojeto é coordenado a partir do Instituto da Lingua Galega e nele participa também uma equipa do Centro de Linguística da Universidade do Porto e outra do Centro de Estudos em Letras da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Neste contexto, elaborámos uma ferramenta do mesmo nome (Património léxico da Gallaecia, daqui em diante designado PLG) que permite conhecer as diferentes unidades lexicais que servem para expressar uma série de conceitos e visualizar a sua distribuição territorial no noroeste da Península Ibérica, numa área que compreende a Eurorregião Galiza-Norte de Portugal e as zonas galegófonas das Astúrias e de Castela e Leão. Assim, por exemplo, na figura 1, em que se faz uma consulta para o conceito ‘texugo’, obtemos uma lista de unidades lexicais que servem para exprimir esse conceito no território indicado, assim como a sua distribuição espacial.
Figura 1. Resultado da pesquisa do conceito ‘texugo’
Os diferentes conceitos localizam-se por baixo de um classificador semântico genérico. Os grandes campos semânticos estabelecidos no PLG são os seguintes:
As fontes de onde é extraída a informação lexical são diferentes trabalhos que recolhem vocabulário dialetal galego e português, muitos deles inéditos ou de difícil acesso: glossários, atlas linguísticos, obras de carácter etnográfico, trabalhos académicos, recolhas lexicais realizadas em centros educativos etc. O que têm em comum todas estas obras é que compilam léxico dialetal com a referenciação geográfica correspondente a territórios de fala galega ou dos municípios portugueses da Eurorregião. Trata-se de uma parte do conjunto de obras que integram o Tesouro do léxico patrimonial galego e português (TLPGP) (as quais podem ser consultadas no corpus do TLPGP), nomeadamente aquelas que têm informação lexical sobre o território assinalado. O PLG está conectado diretamente co TLPGP, de onde extrai tanto os lemas e variantes dos que oferece informação como a classificação semântica básica.
O lema, coincidente sempre que possível com uma forma padrão, é atribuído pelos editores e serve para unificar variantes fónicas e gráficas recolhidas nas diferentes obras. Assim, por exemplo, as variantes galegas tanxujo, teixugo, teixugho, teixujo e tenxugho, todas elas presentes em diferentes obras introduzidas no TLPGP e no PLG, têm atribuído o lema padrão galego TEIXUGO. As variantes portuguesas teixugo, texugo e texugue têm atribuído o lema padrão português TEXUGO.
Quando a variação é morfológica ou lexical os editores atribuímos lemas diferentes. Assim, TEIXUGO / TEXUGO, TEIXO ou TEIXÓN, todas elas denominações para o Meles meles, são lemas diferentes, pois apresentam diferenças morfológicas, e do mesmo modo, PORCO TEIXO, TOURÓN / TOURÃO ou MELANDRO são lemas diferentes, que podem ter as suas próprias variantes fónicas ou gráficas nas obras introduzidas no TLPGP e no PLG (por exemplo, porcoteixo e porco teixo no primeiro caso; tourón e turón no segundo).
Figura 2. Variantes associadas ao lema PORCO TEIXO